quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Mãe de Medina quer usar experiência com o filho para formar novos surfistas



Era dia de festa e a casa estava cheia. Na inauguração do Instituto Gabriel Medina, Simone Medina, mãe do surfista e presidente da instituição, tratava de receber bem a todos. Conversava com um aqui, falava com outro ali... Nos papos, não escondia o orgulho dos 38 meninos e meninas selecionados para fazerem parte do projeto. Era como uma mãezona orgulhosa, sabe? Pois é. É assim mesmo que ela se sente. Para Simone Medina, o instituto deu a ela "novos filhos". Por isso, quer usar a experiência com Gabriel para agora ajudar a formar novos talentos para o surfe.

Simone exibe o troféu que Gabriel Medina ganhou ao ser campeão mundial (Foto: Danilo Sardinha/GloboEsporte.com)

Com Gabriel Medina, primeiro brasileiro campeão mundial de surfe, Simone aprendeu na prática o processo de formação de um atleta. Recentemente, ela fez cursos sobre o que será aplicado no instituto, como sobre a alimentação e os treinos. As crianças serão treinadas pelos professores. Mas aquele amor de mãe faz Simone querer estar por dentro de todos os processos.


– Ganhei mais filhos. 40 filhos! Sabe aquela sensação, de você falar: “queria ter 18 anos, mas a cabeça que tenho hoje”? Deus me deu a oportunidade de viver isso. Poder voltar, passar as experiências para filhos que poderiam ser os meus desde pequeno, mas com a cabeça de 46. Estou vivendo aquela retrospectiva de pensar: “meu filho tinha essa idade quando ele começou a surfar”. Hoje, tenho toda essa experiência para passar para eles. E vai ser muito melhor do que com meu filho. Isso é muito legal. Fico viajando nisso. Ter essa oportunidade de voltar com a cabeça de 46, com toda experiência – disse Simone.


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Simone Medina com as crianças do instituto em competição no último fim de semana (Foto: Munir el Hage/Divulgação)

Além do amor pelas crianças, Simone Medina carrega um sentimento grande pelo surfe. Natural de São Paulo, chegou à praia de Maresias, em São Sebastião, exatamente por causa do esporte, já que gostava de surfar. Era 1991. Dois anos depois, teve o primeiro filho: Gabriel Medina. Viu o garoto crescer no surfe. Enquanto Charles Saldanha, padrasto de Gabriel, era o acompanhante nas viagens, ela ficava em Maresias trabalhando para ajudar nas despesas com as competições e os gastos da família. Além de Gabriel, Simone tem outros dois filhos: Felipe e Sophia. Essa última faz parte das crianças que integram o instituto.

Gabriel Medina quando criança (Foto: Reprodução)

– Eu ficava trabalhando para fazer um dinheiro, pagar uma inscrição ou outra. Foi bem correria. Mas eu não tinha a experiência que tenho hoje. Então, a gente encontrava mais dificuldades. Mas o legal nesse tempo foi que sempre tivemos uma coisa de tirar o bom do ruim. Quando as dificuldades apareciam, falávamos: “agora estamos mais fortes”. Toda vez que perdíamos, que dava errado, pensávamos que agora estávamos mais fortes. Era sempre a frase que usávamos – relembrou.


– Já trabalhei de tudo em Maresias. Menos roubar, traficar ou me prostituir (risos). Já fui doméstica, faxineira, vendedora de loja, garçonete, gerente de loja... Inclusive, o meu diretor administrativo aqui no instituto, foi meu patrão. Ele tinha uma loja e eu era gerente dele. O Marquinhos. Já trabalhei em muita coisa. Fiz tudo o que pude para manter os meus filhos neste lugar – acrescentou.

Charles Saldanha, Gabriel Medina e Simone na inauguração do instituto (Foto: Aleko Stergiou/Instituto Gabriel Medina)

Simone conta que a ideia da criação de um instituto em Maresias surgiu nessa época que Gabriel Medina era jovem. O desejo, segundo ela, partiu do surfista mesmo. Porém, por causa da questão financeira, o instituto não pode ser feito em anos anteriores. Agora que o projeto saiu do papel, ela comemora a oportunidade de seguir trabalhando com crianças que tentam trilhar o mesmo caminho de Gabriel Medina.


– Nesse tempo, aprendi que temos que fazer tudo com muito amor e prazer para ser uma pessoa bem resolvida e realizada. Você realizar um sonho na vida do outro, ver um moleque dando uma entrevista e falando que chegou até aqui porque aprendeu isso e aquilo, faz você pensar: “valeu a pena”. Estou vendo esse dia lá na frente. Eu até me emociono (começa a ter lágrimas nos olhos). Imagina isso? Seria demais – destacou.

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