sábado, 17 de agosto de 2013

Teahupoo - Gigante perfeito !



Alain Riou conseguiu surfar duas bombas, uma em cada dia, sendo que a primeira foi uma das maiores ondas do swell. Crédito: Bidu.

Monitorando as tempestades do sul do Pacífico desde o início de maio, o fotógrafo Bidu Correia e o nosso colunista Felipe Cesarano nos deram uma notícia bombástica (literalmente!). A maior ondulação de 2013 estava a caminho de Teahupoo. Um dia antes do swell encostar no Tahiti, a dupla desembarcou em solo polinésio e, após mais uma session pra ficar na história, entrou em contato conosco pela internet narrando tudo o que aconteceu por lá.

Everaldo Pato foi um dos brasileiros que embarcou de última hora para Teahupoo e foi recompensado com esse tubão de braços abertos. Crédito: Bidu.

SURFAR - Em 2011, o Manga te botou em uma bomba e esse ano foi a sua vez. Como foi essa história?
GORDO - O Manga reclamou que eu joguei ele no rabo das ondas no swell de 2011, então nesse swell só botei ele no olho do furacão... Rs! A maior onda foi rápida demais e ele acabou sendo engolido. Quando levantou do caldo, o Manga tomou na cabeça a maior onda surfada pelo Raimana, uma bomba gigante! O resgatei logo depois e ele estava totalmente grogue, desorientado e teve amnésia... Ele não se lembra de nada! Que depois fomos na areia, ajeitamos a prancha, comemos, voltamos e ele nada... Rs! Acho que foi uma porrada muito violenta que acabou o deixando ainda mais maluco... Rs!

Pedro "Manga" Aguiar é um dos brasileiros mais insanos em Teahupoo. Manga ficou muito deep nessa onda, não conseguiu completar o tubo e, para piorar, tomou na cabeça a bomba que veio atrás. Crédito: Bidu.

SURFAR - É melhor pegar a bomba e se quebrar todo ou voltar pra casa sem ter surfado a bomba?
GORDO - Porra, em 2011 eu estava todo arrebentado, mas com a sensação de missão cumprida. Esse ano não peguei nenhuma gigante e fiquei meio frustrado. Não é sempre que a gente ganha, né?! Foi bom porque pilotei bastante, puxei o Manga, Inaldo, Burle... Mesmo não tendo destaque, foi bom para mim estar lá aprendendo com os melhores do mundo.

Alex Gray é sempre um dos destaques em Teahupoo. Na maior série do dia, ele consegiu pegar essa bomba que foi a primeira. Logo em seguida, veio a onda do Koa Rothman. Crédito: Bidu.

SURFAR - Como foram esses dias de swell?
BIDU - O swell durou três dias, mas por causa de alguns problemas que surgiram em relação ao barco, eu só pude registrar a tarde do primeiro dia e a manhã do segundo. O primeiro começou com ondas em torno de 6-8 pés pela manhã, e quando chegou no início da tarde já começaram a surgir bombas de 15-20 pés. Acredito até que a onda do Koa Rothman tenha um pouco mais de 20 pés e foi surfada na tarde do primeiro dia. No segundo dia ainda vinham umas bombas, porém estava um pouquinho menor. No terceiro acertou e rolou uma sessão no limite da remada, pena que eu não tinha mais barco para registrar, já que fotógrafos e cinegrafistas do mundo todo alugaram as poucas opções disponíveis.

Koa Rothman em um dos maiores tubos já registrados em Teahupoo. Sem dúvida foi o momento mais insano de todo o swell. Esta onda e a do Nathan Fletcher, no swell de 2011, estão sendo consideradas as maiores já surfadas no Tahiti. Crédito: Bidu.

SURFAR - Como estava o clima no canal?
BIDU - Eu nunca tinha visto um crowd assim no Tahiti. Não tinha um espaço vazio no canal. Era um barco batendo no outro para se posicionar melhor, jet ski entrando na frente, muitas vezes colocando todos em risco, pois todos queriam o melhor ângulo. Como tinha muito barco na frente, a briga ficou intensa o dia todo. Inclusive teve um que quase virou completamente e acabou derrubando quatro ou cinco pessoas que estavam nele. Acho que em breve vai rolar um acidente feio por lá!

SURFAR - Quem pegou a maior onda do swell?
BIDU - A maior onda do swell foi surfada pelo Koa Rothman. Acredito que um dos grandes responsáveis por isso foi o Laird Hamilton. Ele simplesmente ignorou todo mundo no outside e colocou o Koa na maior onda de todo o swell. Não podemos tirar o mérito do Koa também, que mostrou muita disposição e coragem para encarar aquela bomba.

Laird Hamilton e seu estilo inconfundível em uma das bombas que surfou durante o dia. Além de escolher sempre as melhores ondas, ele foi o responsável por colocar o havaiano Koa Rothman na maior de todo o swell. Crédito: Bidu.

SURFAR - Surfistas e a mídia do mundo inteiro foram atrás desse swell. Como estava o clima no outside?
GORDO - Estava muito perigoso! Muitos jet skis fazendo tow e entrando um na frente do outro, e os barcos no canal naquela loucura de melhor ângulo e tal... Teve até uma lancha que furou uma onda enorme e acabou perdendo 40 mil dólares em equipamento.

SURFAR - Por que os brasileiros não tiveram tanto destaque nesse swell?
GORDO - Porque o crowd estava indigesto e não temos moeda de troca, então neguinho não estava nem aí para a gente! Eram os taitianos pegando todas e puxando quem eles quisessem. Depois os havaianos impregnando e o resto do mundo tentando pegar as sobras. Tava complicado! Só pra você ter uma ideia, na onda do Koa havia uns 10 jets vindo para ela... Sei que o Burle era um deles e estava certinho para ir, mas o Laird Hamilton cortou todo mundo e jogou o Koa na onda... É foda! Quem vai mexer com o Laird e o filho do Fast Eddie? Quem fizer isso nunca mais pisa no Hawaii, né?!

Ricardinho chegou segunda de noite no Tahiti, surfou o dia inteiro na terça-feira e de noite já estava embarcando de volta ao Brasil para competir no WCT no Rio de Janeiro. Será que valeu a pena? Crédito: Bidu.

SURFAR - Então o domínio dos taitianos e dos mais experientes fizeram muita diferença?
BIDU - Com certeza isso influenciou bastante. Todas as maiores ondas do swell foram surfadas por surfistas puxados pelos taitianos e pelos outros surfistas que tinham algum vínculo com os locais. Quem não fazia parte da “panela” só conseguia pegar as ondas que eles dispensavam. O Ricardinho se deu bem com essa história. Além de ser um dos melhores tube riders do Brasil, ele se destacou pelo talento e por ter sido puxado pelo taitiano Manoa Drollet. Ser rebocado por um local num dia como aquele acaba fazendo muita diferença.

SURFAR - Qual swell foi maior: esse ou o de 2011?
GORDO O de 2011 estava maior. Estava até passado. Por mais que a onda do Koa tenha sido tão grande quanto à do Nathan Fletcher, a realidade daquele swell era outra.

Depois de um wipeout horrível durante o swell em 2011, Keala Kenelly voltou a Teahupoo e mostrou por que é a atual vencedora do Billabong XXL. Crédito: Bidu.

SURFAR - Qual a diferença entre esses swells?
GORDO - Esse estava muito mais perfeito e durou três dias. As ondas abriam sempre, estava clássico! O outro estava um pouco maior, durou só um dia e estava mais torto.

SURFAR - Alguém se destacou?
BIDU - Além das bombas surfadas pelo Raimana e Koa, a Keala Kennely me impressionou! Ela surfou duas bombas nesse swell sem demostrar medo. Eu imaginava que a Keala estaria traumatizada, já que no “Red Code” de 2011 ela foi de cara na bancada e sofreu cortes profundos no rosto. Esse ano voltou com tudo, não se intimidou e pegou ondas ainda maiores do que ela surfou no swell de 2011.

Com o domínio dos taitianos , o local Raimana Van Bastolaer foi um dos surfistas que mais pegou ondas nesse swell. A baforada desta onda foi tão forte que quase virou um barco e acabou derrubando quatro pessoas na água. Crédito: Bidu.

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